segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Carioquês

O carioquês (na realidade dialeto carioca ou dialeto fluminense) realmente existe, sendo uma variação linguística do português brasileiro, típico da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Suas origens remotam ao início do século XIX, mais precisamente ao ano de 1808, quando a cidade do Rio de Janeiro era prioritariamente habitada por descendentes de portugueses e escravos, e ocorreu a chegada da Família Real Portuguesa com toda a sua corte, o que impulsionou a ingressão de muitos portugueses na região, provocando drásticas mudanças de hábitos e costumes.

O grupo que teve maior contato com a corte portuguesa assimilou rapidamente o dialeto europeu, e dessa mistur entre os dialetos nativo e da corte nasceu o dialeto carioca.

A característica mais marcantes do carioquês é a sua estrutura fonológica, dificilmente encontrada em outras regiões do país, tais como o "r" aspirado no final das sílabas, a palatização dos sons de "s" e "z" quando não seguidos de vogal ou outra consoante fricativa alveolar e a grande quantidade de ditongos e de fonemas palatais fricativos, em detrimento dos sibilantes.

No ano de 1937 ocorreu, no Teatro Municipal de São Paulo, o I Congresso da Língua Nacional Cantada, que reuniu especialistas, dentre os quais podemos citar foneticistas, professores de língua, compositores, etc, que tinham por finalidade a definição de normas sobre como se deveria cantar na língua do nosso país. Estas normas foram elaboradas considerando separadamente cada uma das vogais e consoantes que existiam na chamada língua padrão vigente na época. Este congresso considerou a pronúncia carioca da época como a "perfeita" de todo o país, propondo-a como língua-padrão.


Mais tarde, em 1956, Antonio Houaiss apresentou uma tese que se tornou base das conclusões sobre as normas da língua falada culta no Brasil, que resolveu escolher a fala carioca como a língua-padrão do teatro, da declamação e do canto erudito do Brasil e em 1961 foi reconhecido como o único dialeto oficial do Brasil, por meio de decreto do então presidente da república Jânio Quadros. Quem diria, hein!? Já no ano de 2005, durante o IV Encontro Brasileiro de Canto, foi admitida a importância de se possuir pelo menos uma pronúncia básica do português brasileiro para que os estrangeiros possam apreciar e estudar o nosso repertório internacionalmente. Com isto, foi adotada uma tabela fonética que visa a adoção de um português neutro, reconhecendo que ainda há muita necessidade de estudo sobre as manifestações culturais e históricas das diversas regiões do nosso país.

Em outras regiões brasileiras o carioquês, bem como os demais dialetos do nosso idioma, é motivo de piadas devido à sua singularidade linguística. Para rir um pouco, recomendo o seguinte link para leitura:


Um grande abraço!

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